sexta-feira, 25 de junho de 2010

Debate sobre as drogas movimenta o Congresso

Cinco questionou se a questão das drogas deve ser tratada do ponto de vista individual e da saúde do sujeito ou do ponto de vista do problema social do tráfico e da criminalização das minorias? Além de deixar a reflexão no ar, a pergunta resumiu em si os principais pontos que estiveram na pauta de um dos mais movimentados encontros do Congresso até agora.

Além de Renato Cinco, estiveram na mesa o psicólogo e mestre em saúde coletiva pela UFBA Milton Barbosa e o diretor da UNE Daniel Iliescu. O coordenador da Marcha da Maconha, que defende a discriminalização dos usuários e a legalização da substância, relacionou a proibição da maconha à perseguição racial no início do século XX: “O departamento de repressão ao uso era chamado 'Departamento de Controle de Tóxicos e Mistificações' e também pretendia acabar com as religiões afro-brasileiras, que muitas vezes utilizavam a maconha em seus rituais”, disse.

Drogas e Capitalismo


Segundo ele, a política de controle, com origem racista, atualmente atende a uma postura de opressão às classes menos favorecidas: “Se um adolescente rico é flagrado com algumas gramas da droga, é encaminhado para um clínica, tratado como vítima. Se um adolescente negro e favelado é apanhado com a mesma quantidade, é preso como traficante”, exemplificou.

O professor Milton Barbosa, que mostrou-se menos simpático à ideia da legalização, trouxe para o debate o problema da dependência química e seus efeitos sobre o indivíduo: “A sociedade capitalista se impõe através da sacralização do prazer e da sua transformação em consumo. Ela precisa criar dependências", disse. Segundo ele, o principal avanço dessa questão, atualmente seria ampliar o debate sobre o que são as drogas e quais são os seus efeitos.

Propostas

Os jovens, que participaram ativamente com perguntas, opiniões e propostas, dividiram-se no que diz respeito à legalização. Alguns acreditam que o caminho, atualmente, passa apenas pela discriminalização do usuário. Outros entendem que a legalização da maconha pode ser o grande passo para evitar as mortes de milhares de jovens no país, enfraquecendo o tráfico e regulando o uso da substância. Propostas diferentes sobre o tema foram encaminhadas à mesa para sistematização e devem ser contempladas durante a plenária final do Congresso neste domingo.


Fonte: http://www.ujs.org.br/

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